Volvidos somente 3 anos do voo inicial da Escola Militar de Aerónautica, a primeira do género em Portugal, foi inaugurado, no verão de 1919, o Campo de Aviação ou “Campo de Aterrissagem de Ponte de Sor.
A iniciativa da obra partira do Exército português que, a 10 de março de 1919, pedira à Camara Municipal de Ponte de Sor, que informasse se poderia conseguir uma porção de terreno para ser cedido ou vendido ao Estado para ser um ”centro de aviação“, com as seguintes características: “Área de 31 hectares conforme, quando possível quadrada; condições de salubridade para habitação do pessoal das esquadrilhas, com água, vias de comunicação e próximo da linha férrea; sensivelmente plano e sem grandes valas ou árvores.”
A centralidade geográfica de Ponte de Sor situada entre o norte e o sul, mas também entre o litoral e o interior Português, o acesso ao caminho-de-ferro e a orografia suave do território foram as principais razões para esta escolha.
Iniciou-se então uma estreita ligação entre Ponte de Sor, os pontessorenses e a aviação portuguesa, que se prolongará por quase 2 decénios. O jornal local “A Mocidade” descrevia assim o “dia de festas” que foi a inauguração do Campo: “No campo de Aterragem estava um mar de gente. E, quando os aparelhos, após algumas evoluções, deslizaram sobre a pista, estalaram festivamente foguetes e morteiros (...).
Em volta dos aparelhos era um formigar de gente curiosa. E todos olhavam com respeito, eivado de um certo tremor, aquelas estranhas máquinas que escalavam as alturas e se precepitavam de mergulho, ou revolteavam sobre si próprias”. (nº263, 25 setembro 1937). Durante toda a década de 1920 era comum a aterragem de aviões em Ponte de Sor e, embora com menor frequência, realizavam-se diversos espectáculos aeronáuticos. Podemos destacar, como exemplo, a vinda do Grupo de Esquadrilhas de Aviação “Républica”, a primeira unidade operacional aérea das Forças Armadas Portuguesas, em junho de 1920, ou a participação de 4 aparelhos Avro da esquadrilha de Tancos, num exercício onde foram executados “arriscados exercícios de acrobacia” em Abril de 1929. O entusiasmo da população parece ter sido exuberante, assinalando as fontes da época as multidões que acorriam ao campo de aviação em “constante romaria”. Na realidade, muitos pontessorenses tiveram então oportunidade de realizar o seu batismo de voo, como foi o caso aquando da vinda do avião comercial Farman-Titan, na véspera da romaria, à Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres, em agosto de 1929.
1919 > 10 de março
Pedido da autoridade militar à Câmara Municipal de Ponte de Sor sobre terreno para instalação de um centro de aviação
1919 > 23 de maio
O jornal O Século noticia terem começado os trabalhos de terraplanagem de um campo de aviação em Ponte de Sor
1919 > 7 de agosto
Pedido à Direção de Aeronáutica Militar para que alguns aeroplanos viessem inaugurar o Campo de Aviação no dia 31 de agosto, no âmbito dos festejos em homenagem aos combatentes pontesorenses da I Guerra Mundial
1919 > 15 de setembro
Voto de louvor ao Capitão António Batista de Carvalho pelos esforços empregues no estabelecimento do Campo de Aviação
1920 > 21 de junho
Ordem para que os aviões militares aterrem no campo por ocasião das festas de 29 de junho
AHMPS, coleção fotográfica
1920 > 29 de junho
Presença da Brigada Cinematográfica do Exército no Campo de Aviação, acompanhado por aviadores
1922 > 18 de julho
A Direção de Aeronáutica Militar incentiva a Câmara Municipal de Ponte de Sor a criar um campo de aterragem [...]
1922 > 2 de setembro
A Direção de Aeronáutica Militar solicita à Câmara Municipal de Ponte Sor que garanta condições
1926 > 2 de outubro
Sugestão do Administrador do Concelho para que a Pista Internacional seja deslocada para o campo de Ponte de Sor
1927 > 16 de setembro
A Inspeção da Arma de Aeronáutica solicita novamente à Câmara Municipal de Ponte de Sor alterações ao campo, condição da sua funcionalidade
1927 > 19 de setembro
Respondendo ao solicitado pela Inspeção de Arma Aeronáutica, a Câmara Municipal de Ponte de Sor fazer melhorias no campo
1928 > 18 de junho
A Câmara Municipal de Ponte de Sor solicita autorização para cortar o alvoredo em torno do Campo, pois é um obstáculo para a aviação
1928 > 25 de dezembro
Primeira referência à realização de um jogo de futebol no Campo de Aviação
1929 > 21 de abril
Aterram no Campo quatro aparelhos Avro da esquadrilha de Tancos, em viagem de treino, e um deles executa exercícios de acrobacia perante a população
1929 > 14 de agosto
Prevê-se que aterre no Campo o avião comercial Farman-Titan, que realizará «voos de propaganda»
1931 > maio
O Serviço de Obras Públicas Militares pede à Câmara que proceda a trabalhos de melhoria no Campo
1931 > junho
O Serviço de Obras Públicas Militares insiste na necessidade da Câmara proceder aos trabalhos de melhoria e o proprietário do terreno irá a Lisboa tratar do assunto
1932 > 23 de março
O Grupo de Aviação de Informação nº1 solicita a atenção da Câmara Municipal para o aeródromo
1935 > março
Aterra no Campo um avião militar em serviço de levantamento da carta de aeronáutica
1937 > 25 de setembro
Artigo do jornal A Mocidade chama a atenção para a importância do Campo, cada vez menos utilizado
1937 > outubro
Sobrevoam Ponte de Sor vários aparelhos envolvidos em manobras militares no Alto Alentejo [...]
1938 > abril
A exiguidade do Campo impossibilita a aterragem prevista do Grupo de Bombardemaneto